Por que os Batistas não batizam bebês?

Os batistas, conhecidos por sua adesão à Bíblia como a autoridade final em questões de fé e prática, defendem como princípio inegociável o batismo de crentes — ou seja, o batismo daqueles que professam pessoalmente sua fé em Jesus Cristo.

A seguir serão examinadas as razões bíblicas e teológicas pelas quais os batistas não batizam bebês.

1. O Mandamento de Jesus sobre o Batismo

Em Mateus 28:19-20, Jesus comissiona seus discípulos: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei.”

Nesta passagem, Jesus estabelece uma ordem clara: fazer discípulos, batizar e ensinar. A implicação é que o batismo deve seguir a profissão de fé e o discipulado, algo que bebês não podem fazer.

2. O Batismo como Testemunho Pessoal de Fé

Os batistas veem o batismo como um testemunho público de uma fé pessoal. Em Atos 2:38, Pedro responde à pergunta da multidão sobre o que deveriam fazer: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo […]”

Aqui, o arrependimento vem antes do batismo, indicando que o batismo é uma resposta consciente à fé em Cristo, algo que bebês, devido à sua idade, não podem realizar.

3. Exemplos Bíblicos de Batismo de Crentes

Várias passagens no Novo Testamento mostram o batismo de adultos como resultado de sua fé:

• Atos 8:12: “Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava as boas novas do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, eram batizados, tanto homens como mulheres.” Este versículo deixa claro que o batismo seguiu a crença nas boas novas.
• Atos 8:36-38: “Seguindo pelo caminho, chegaram a um lugar onde havia água. Então o eunuco disse: ‘Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado?’ Disse Filipe: ‘Você pode, se crê de todo o coração.’ O eunuco respondeu: ‘Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.’ Assim, mandou parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou.” Aqui, vemos que o batismo do eunuco etíope foi precedido por sua profissão de fé.
• Atos 16:30-33: O carcereiro de Filipos pergunta a Paulo e Silas: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Eles respondem: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa.” Então, após ele e sua família ouvirem a palavra de Deus, “imediatamente ele e todos os seus foram batizados.”

Alguns pedobatistas (aqueles que defendem o batismo infantil) pressupõem que talvez alguns membros da casa do carcereiro eram crianças pequenas e, portanto, também foram batizados. No entanto, isso é um erro, pois o versículo diz claramente que quem foi batizado creu antes. Mesmo havendo crianças ainda pequenas na ocasião, elas não foram batizadas.

4. O Significado do Batismo no Novo Testamento

Romanos 6:3-4 associa o batismo com a morte e ressurreição de Cristo: “Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte? Portanto, fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova.”

Este simbolismo de morte para o pecado e ressurreição para uma nova vida em Cristo só faz sentido para aqueles que experimentaram a regeneração e colocaram sua fé em Cristo.

Há ainda quem defenda que o batismo no Novo Testamento é um tipo de substituição da circuncisão que Deus estabeleceu em seu pacto com Abraão no Antigo Testamento. Com isso, a criança entra no povo de Deus através do batismo. Esta visão é equivocada, pois não possui respaldo bíblico (apenas uma insustentável inferência teológica).

Alguns estudiosos defendem a ideia de que Deus estabeleceu uma nova aliança em Jesus Cristo, mas que o pacto abraâmico continuou (outros vêem esse pacto a partir de Moisés, mas para este artigo utilizaremos Abraão), resultando na concepção de duas alianças (com Abraão e com Jesus Cristo) sob o mesmo pacto. No entanto, quando Deus estabeleceu uma nova aliança com Seu povo em Jesus Cristo, Ele também estabeleceu um novo pacto, não uma continuidade do pacto com Abraão. Ou seja, não existem duas alianças sob um mesmo pacto, e não há necessidade de encontrar alguma substituição da circuncisão no Novo Testamento.

O cristão entra no povo de Deus pela conversão e não pelo batismo. O batismo apenas demonstra publicamente que o convertido pela fé em Jesus Cristo já faz parte do povo e da Igreja de Deus.

5. O Padrão de Fé Pessoal

A prática batista é baseada no padrão claro de fé pessoal e consciente antes do batismo. Em Atos 18:8, vemos que “Crispo, o dirigente da sinagoga, creu no Senhor, juntamente com toda a sua casa; e muitos dos coríntios que ouviam Paulo criam e eram batizados.” Novamente, a crença vem antes do batismo.

Conclusão

Os batistas não batizam bebês porque entendem que o batismo deve ser uma resposta consciente e pessoal à fé em Jesus Cristo.

Esta prática é baseada em uma interpretação cuidadosa das Escrituras que consistentemente associa o batismo à fé e ao arrependimento.

Os exemplos bíblicos de batismo no Novo Testamento demonstram claramente que o batismo segue a profissão de fé, não existe nenhum exemplo bíblico de batismo de bebês.

É por isso que os batistas reservam o batismo para aqueles que conscientemente professam fé em Cristo, refletindo o ensino e o exemplo do Novo Testamento.

Pr. Anderson Weige Dias.