Por que os Batistas não guardam o sábado?

A prática de descansar no sábado, o sétimo dia da semana, é um mandamento no Antigo Testamento. Os batistas, junto com muitas outras denominações cristãs, não consideram necessário guardar o sábado.

A seguir é apresentado, de forma simples, as razões bíblicas e teológicas para essa posição.

1. Jesus cumpriu a Lei

Jesus cumpriu todas as exigências da Lei do Antigo Testamento.

Em Mateus 5:17-18, Jesus disse: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir.” Isso significa que Jesus completou tudo o que a Lei exigia, incluindo o sábado.

Os cristãos agora seguem Jesus e não estão mais obrigados a observar a Lei como antes.

2. A Nova Aliança traz um novo relacionamento com Deus

A Nova Aliança, que começou com a morte e ressurreição de Jesus, trouxe uma nova forma de relacionamento com Deus, baseada na fé e na graça.

Em Colossenses 2:16-17, Paulo escreve: “Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa, ou celebração das luas novas, ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.”

Paulo está dizendo que as regras antigas, como guardar o sábado, eram apenas uma sombra do que viria em Cristo. Agora, os cristãos vivem na liberdade que Jesus trouxe.

3. A Lei funcionava como um tutor

Paulo, em sua carta aos Gálatas, explica que a Lei serviu como um tutor ou guia até a vinda de Cristo:

  • Gálatas 3:24-25: “Assim, a Lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor.”

Aqui, Paulo utiliza a metáfora de um tutor, que na cultura greco-romana era uma pessoa encarregada de supervisionar e educar os filhos até que alcançassem a maturidade. Da mesma forma, a Lei guiou e protegeu o povo de Deus até a chegada de Cristo, portanto em Jesus Cristo não é mais necessário observar a Lei como antes.

4. Centralidade de Cristo e a liberdade cristã

Para os batistas, a vida cristã está centrada em Jesus, não em dias específicos. Paulo fala sobre isso em várias passagens:

  • Gálatas 4:9-10: “Mas agora que vocês conhecem a Deus, ou melhor, são conhecidos por Deus, como é que estão voltando àqueles princípios elementares fracos e sem poder? Querem ser escravizados a eles outra vez? Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões e anos!”
  • Romanos 14:5: “Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.”
  • Colossenses 2:16-17: “Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa, ou celebração das luas novas, ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.”
  • Colossenses 2:20-22: “Se vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras: ‘Não manuseie!’, ‘Não prove!’, ‘Não toque!’? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos.”

Essas passagens refletem a liberdade cristã e a consciência individual na adoração a Deus. Paulo enfatiza que a observância de dias especiais não é uma exigência para os cristãos.

5. Celebrar o domingo

Os batistas e muitos outros cristãos celebram o domingo, o primeiro dia da semana, porque foi nesse dia que Jesus ressuscitou.

Em João 20:19, lemos que Jesus apareceu aos seus discípulos no primeiro dia da semana.

Em Atos 20:7, vemos que os primeiros cristãos se reuniam no primeiro dia da semana para partir o pão.

E em 1 Coríntios 16:2, Paulo orienta os crentes a separar uma oferta no primeiro dia da semana.

Celebrar o domingo é uma forma de lembrar e honrar a ressurreição de Jesus, mas não é guardado como uma lei, e sim como uma prática de liberdade cristã.

Em Romanos 14:5-6, Paulo diz: “Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Aquele que considera um dia como especial, para o Senhor o faz.” Este texto reforça que a observância de dias específicos é uma questão pessoal.

Além da Bíblia, documentos históricos dos primeiros séculos do cristianismo mostram que os cristãos já se reuniam no domingo. O Didaquê, por exemplo, um dos documentos cristãos mais antigos fora do Novo Testamento, menciona a prática de se reunir no “dia do Senhor” (domingo). Em Didaquê 14:1, lemos: “Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e dar graças.”

Outro exemplo de documento é o escrito de Justino Mártir, um dos primeiros apologistas cristãos. Em sua “Primeira Apologia”, Justino Mártir escreve sobre a prática dos cristãos se reunirem no domingo: “No dia chamado domingo, todos os que vivem nas cidades ou nos campos se reúnem em um só lugar, e as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos, enquanto o tempo o permite…”

Conclusão

Os batistas não guardam o sábado porque entendem que Jesus cumpriu todas as exigências da Lei, incluindo o sábado.

Eles celebram o domingo em honra à ressurreição de Jesus e vivem na liberdade e na graça que Ele trouxe.

O verdadeiro descanso é encontrado em Jesus, e a vida cristã é centrada Nele, não em dias específicos.

A orientação de Paulo sobre a liberdade cristã e a não necessidade de guardar dias especiais, juntamente com outros textos bíblicos, reforçam essa posição.

Pr. Leandro Weige Dias

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